terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Chuvas devem ficar mais intensas no Sudeste

As mudanças climáticas são a principal explicação para as chuvas que precisam de três dígitos para serem medidas


A chuva volumosa na Região Sudeste tem se tornado frequente e os meteorologistas dizem que ela tende a ficar ainda mais intensa.

Chuvas que estão atingindo o Brasil precisam de três dígitos para serem medidas.

Na terça-feira (28), em Belo Horizonte, o volume chegou a 175 milímetros na Região Centro-Sul. Isso concentrado em apenas três horas. Na Região Oeste, 101 milímetros.

Na semana passada, choveu na capital mineira 171 milímetros em 24 horas. No início de janeiro, as chuvas que atingiram o Espírito Santo chegaram a 156 milímetros na cidade de Serra.

É muito difícil se defender de chuvas assim. Para se ter uma ideia do que esses números significam, uma chuva de 50 milímetros já pode provocar alagamentos, dependendo do lugar. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), quando prevê chuva de 50 milímetros, já alerta a Defesa Civil da região. A história mostra que temporais como esses dos últimos dias estão se tornando cada vez mais frequentes.

Em São Paulo, na década de 1960, houve três dias em que a chuva ultrapassou 80 milímetros. Nas décadas seguintes, isso foi acontecendo mais vezes. A década atual acaba só no fim de 2020 e já houve 14 dias com chuva acima de 80 milímetros. A mesma coisa aconteceu com as chuvas que ultrapassam 100 milímetros. Não houve nenhuma em São Paulo na década de 1960. Começou a acontecer nas décadas seguintes. Na atual, já foram seis dias com chuva intensa assim.

“Nós estamos vendo no Brasil, e em muitas partes do Brasil, do Sul ao Norte, do Leste ao Oeste, chuvas dessa intensidade se tornarem cada vez mais intensas. A principal explicação são as mudanças climáticas, o aquecimento global. Mais calor na atmosfera, significa mais vapor d’água, a atmosfera retém mais vapor d’água e, quanto mais vapor d’água, na atmosfera, mais intensas são as chuvas”, explicou Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP.

O Instituto Nacional de Meteorologia explica que, além do aquecimento global, a impermeabilização das cidades com concreto e asfalto e a diminuição de áreas verdes também mexem com as chuvas.

“Com maior pavimentação das cidades, o calor que chega do sol é armazenado mais rapidamente. Então, esse calor, essa temperatura mais elevada é transferida para o ar, que por sua vez faz com que as tempestades ganhem mais força. Então, é essa ilha de calor que tem feito, ou aumentado a intensidade dessas tempestades”, explicou Marcelo Schneider, meteorologista do Inmet.

Os pesquisadores explicam que, além de diminuir a emissão de poluentes que afetam o clima, é preciso preparar as cidades para essas chuvas, por exemplo, realocar quem vive em áreas de risco.

“Nós temos que nos preparar, porque essas chuvas vão continuar e elas vão até se tornar mais intensas no futuro. Então nós temos que ter, realmente, uma política de adaptação para fazer frente aos desastres naturais que já são muito frequentes e se tornarão ainda mais frequentes no futuro”, disse Carlos Nobre.


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