quarta-feira, 15 de março de 2017

NA GRANDE BH: Metroviários descumprem decisão e usuários são pegos de surpresa


Muitos acreditaram que a paralisação não aconteceria por conta da decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que determinava uma escala mínima nos horários de pico

Diante da notícia de que a Justiça havia determinado que uma escala mínima do metrô nos horários de pico fosse cumprida nesta quarta-feira (15), um grande número de usuários não acreditou que a categoria paralisaria e acabou se deparando com os portões fechados nas estações. No Eldorado, em Contagem, região metropolitana de BH, a reportagem de O TEMPO conversou com alguns passageiros pegos de surpresa pela greve. 

"Achei que poderia estar funcionando (metrô) em menor escala. Trabalho em Venda Nova e nunca fui de ônibus. Estou com medo de ir e os coletivos pararem também. Medo de não ter como voltar.  Mas sou contra a reforma, já estou procurando mesmo parar de trabalhar", falou o encarregado de obra Jaime Gomes da Silva, 61.                  

O montador Eliseu Bueno, 46, pretendia levar a filha de 17 anos até o hospital de pronto-socorro João XXIII de metrô, nesta amanhã. A adolescente foi mordida por um cachorro, porém precisou fazer a viagem de ônibus. "Não fiquei sabendo que ia parar, não tenho opinião (sobre a reforma da previdência)".

Segundo o presidente do Sindicato dos Metroviários (Sindimetro), Romeu José Machado Neto, não foi possível cumprir a decisão da Justiça uma vez que o sindicato só foi notificado por volta das 21h de terça-feira. "Até tentamos, mas não teve como atender a determinação por falta de tempo hábil para avisar toda a categoria", argumentou. 

Ainda segundo ele, no horário de pico da parte da tarde o metrô continuará fechado. "A categoria está dispersa na paralisação, não faz sentido cumprir parcialmente a decisão, já que a Justiça vai multar independente disso. Vamos recorrer da multa, já que não tivemos tempo hábil para avisar todo mundo", finalizou Neto. 

Na estação Central de metrô, a movimentação de passageiros é pequena. Alguns usuários desavisados chegam até o portão fechado e precisam voltar. "Estou indo para a rodoviária. Até sabia que não funcionaria (o metrô), mas o guarda disse que estava operando. Nem sei qual ônibus preciso pegar. Sou contra a reforma da Previdência, mas acho que poderiam protestar de outra forma", disse o estudante Ronan Moura Ferreira, 29.

Taxistas que atendem a estação de metrô Eldorado, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, dizem que o movimento de passageiros não aumentou, mesmo com a paralisação do metrô. Isso, porque o número de carros no ponto cresceu nesta quarta-feira (15).

"Normalmente são 27 carros, hoje tem cerca de dez a mais. A gente esperou aumento de movimento, mas foi avisado, então, aumentou o número de táxis e reduziu o serviço", contou um taxista de 56 anos. 

O trânsito na região da estação Eldorado é intenso, muitos carros e ônibus circulando nas imediações. Agentes da Transcon estão no local.

Decisão

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou nesta terça-feira (14) o funcionamento de, no mínimo, 80% dos trens, de 5h30 às 10h, e de 16h às 20h, na próxima quarta-feira (15), para evitar a paralisação de 100% das atividades do metrô em Belo Horizonte anunciada pelo Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro-MG).

A medida liminar, concedida pelo 1º vice presidente do TRT, desembargador Ricardo Antônio Mohallem, à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), impõe multa de R$ 250 mil ao Sindimetro-MG em caso de descumprimento. Conforme a decisão, devem permanecer em atividade quantos trabalhadores forem necessários para a circulação dos trens nos horários estabelecidos.

O TRT também determinou que a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), e a Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes de Contagem (Transcon) sejam informadas sobre a escala de funcionamento do metrô.

Nenhum comentário:

Ao redor do mundo