quarta-feira, 1 de junho de 2011

Tráfico de drogas e criminalidade dominam a noite nas ruas de Campo Grande, em Cariacica

A noite no bairro Campo Grande, em Cariacica, se tornou um pesadelo para os moradores. Eles precisam fingir que não enxergam a criminalidade para poderem viver em paz. Tráfico de drogas, homicídios, entre outros delitos, são cometidos com frequência por bandidos que dominam as ruas do local.
O movimento começa e a população se tranca dentro de casa. Um dos moradores revela o que acontece quando a noite chega no bairro. "É tráfico, é assassinato, é tudo e ninguém faz nada. Éramos moradores que achávamos que estávamos em lugar de família, seguros, protegidos. E a realidade de Campo Grande é outra", revelou.
Uma equipe do Balanço Geral passou a noite acompanhando o movimento em uma das principais bocas de fumo do bairro. O território da cocaína tem endereço certo. A Avenida Dom Luis Scorte Gagna, a poucos metros da principal Praça de Campo Grande e da movimentada Avenida Expedito Garcia.
Quando o comércio de Campo Grande começa a fechar as portas, a população é obrigada a fingir que tem uma visão míope do mercado de drogas, conforme revela um morador. "Não ver nada, não saber de nada, não falar nada. Nem atitude de comunidade, fazer abaixo assinado, tudo. Ninguém tem coragem de assinar, porque sabe do perigo que corre", afirmou.
A troca de turno é pontual. Os empresários da noite agora são outros, mas cliente também precisa de dinheiro, não importa a origem. O presidente da Associação de Moradores do bairro, Ceumar Sepulcri, revelou os tipos de delitos registrados no comércio. "Pequenos furtos no comércio, assaltos, até mesmo a mão armada, motoqueiros que se valem do capacete e assaltam pessoas que acabam de sair de uma loja ou de um banco. Isso acontece diariamente aqui", disse.
Outro morador fala sobre a situação. "Está virando um antro na presença de todo mundo. De igreja, de prefeitura, de polícia. De todas as pessoas que poderiam fazer alguma coisa e não fazem", reclama.
Os traficantes vendem e consomem drogas sem parar. Os covardes se tornam corajosos e se apropriam do principal pólo comercial de Cariacica. "O nosso problema maior é gerencial. Está havendo um pouco de falta de presença do poder público aqui, especialmente o do município, para tomar conta da cidade. Porque se o dono da casa não toma conta, alguém vai tomar", exclamou o presidente da Associação de Moradores.
A concorrência é desleal. Se por um lado alguns pagam impostos para contribuir com o crescimento da sociedade, outros dominam o território público e disseminam o produto da degradação do ser humano. O cliente chega, faz o pedido e a mercadoria é buscada no depósito. O comércio é frenético e não escolhe classe social. O controle de qualidade é testado com a droga ainda embalada. Em uso é precioso e não pode sobrar nada.
O poder público não cede apenas um espaço. A omissão faz com que novas gerações continuem com o ciclo vicioso.

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